Comportamentos Aditivos em Portugal - Como obter apoio para dependentes químicos

Embora Portugal tenha se destacado como uma referência no tratamento de pessoas com comportamentos aditivos, é importante ressaltar que a questão ainda não foi completamente resolvida. Para aqueles que moram no país ou conhecem alguém que precisa de apoio, é fundamental saber que existem alternativas disponíveis para receber ajuda nesse momento tão importante.

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Muitas vezes, é difícil identificar as causas subjacentes aos comportamentos aditivos, mas é possível reverter a situação com a ajuda adequada e os tratamentos terapêuticos mais eficazes para cada indivíduo. É, portanto, essencial conhecer mais sobre o assunto e descobrir como as pessoas dependentes podem fazer uma mudança radical e positiva em suas vidas.

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Foto: (reprodução/internet)

O conteúdo a seguir aborda como Portugal conseguiu reduzir o número de dependentes químicos, bem como os programas sociais oferecidos para esse público. Além disso, existem opções totalmente gratuitas disponíveis que permitem aos usuários se reintegrarem na comunidade e até mesmo no mercado de trabalho.

  • O que são comportamentos aditivos
  • Os dados sobre os vícios com drogas e álcool em Portugal
  • O apoio aos dependentes químicos
  • Os apoios sociais às pessoas com comportamentos aditivos
  • O programa Cuida-Te

O que são comportamentos aditivos 

Comportamentos aditivos são caracterizados pela compulsão em relação a uma ação, atividade ou comportamento. Na prática, os exemplos mais comuns incluem o consumo de substâncias psicoativas, como álcool, cigarro e outras drogas, geralmente entre os jovens. No entanto, existem outros casos, como o vício em jogos.

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A explicação para esses comportamentos aditivos pode variar, mas todos os especialistas concordam que eles são um fenômeno multidisciplinar que pode incluir fatores genéticos, psicológicos, ambientais e neurobiológicos. Embora proporcionem um prazer momentâneo, esses comportamentos têm consequências negativas a longo prazo.

Apesar de ser comum ver pessoas fumando ou bebendo, é importante considerar que o vício comportamental (também conhecido como comportamento aditivo) se torna um transtorno quando o ciclo de dependência assume o controle da situação. Isso significa que a pessoa não consegue mais evitar esse tipo de atividade, mesmo que deseje fazê-lo.

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Os sinais de alerta sobre os comportamentos aditivos

O prazer momentâneo, que era uma fonte de prazer, se torna um vício, ou seja, uma atividade que não pode ser mais evitada. Com essa explicação, fica mais fácil observar como esse tipo de comportamento ainda é “normal” de ser encontrado, ainda que seja totalmente negativo.

Mas, será que existem sinais de alerta para um comportamento aditivo? Os psicólogos que mais pesquisam essa área concordam em dizer que sim. Por exemplo, se a pessoa nota que as suas ações possuem danos físicos e mentais, mas ainda assim não consegue evitar, então, temos um vício.

Outros sinais de alerta para comportamentos aditivos incluem sintomas de abstinência, ocultação da extensão do problema e minimização dos efeitos negativos da atividade. Por isso, na maioria das vezes, é tão difícil admitir o problema, especialmente, quando ele é mal compreendido.

Os dados sobre os vícios com drogas e álcool em Portugal

Após o fim da ditadura em Portugal, na década de 30, o uso de drogas se tornou comum no país, gerando uma crise social. O SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências) chegou a afirmar que "não havia família sem algum viciado". Apesar de várias tentativas de solução, a situação só piorava. Mas algo mudou em 1999.

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O país mudou suas políticas e se tornou referência no tratamento de dependentes químicos. A estratégia adotada foi a de descriminalizar o consumo de quem portasse até 10 doses de substâncias ilícitas, o que minimizou o problema, afetando apenas 0,3% da população portuguesa.

Essa abordagem foi bem sucedida porque veio acompanhada de programas de apoio. Um representante do governo na época explicou que a abordagem foi humanista, não julgando e baseando-se na confiança, e que tudo dependia da vontade política. Mas então, surge a pergunta: o que são esses programas de apoio aos dependentes químicos?

Como o Governo Português ajuda os dependentes químicos?

Assim como em vários países ao redor do mundo, em Portugal existem empresas que estão ligadas ao governo e outras que são independentes, que trabalham para apoiar dependentes químicos em sua busca por uma vida mais saudável. Cada uma dessas empresas funciona de maneira diferente.

Entre as ações mais comuns estão a divulgação de informações sobre o uso de drogas, mas também há iniciativas práticas que criam espaços para que as pessoas possam compartilhar suas experiências. No entanto, esses programas não se limitam apenas a grupos de desabafo, como muitas pessoas pensam.

Na verdade, as ações sociais podem ser muito efetivas quando bem executadas, como veremos nas alternativas a seguir. Seja com apoio do governo ou não, o fato é que existem maneiras de entrar ou convidar alguém para participar desses programas e mudar radicalmente de vida.

O apoio aos dependentes químicos

Assim como retratado em filmes e séries de TV, as terapias são uma das formas mais comuns de apoiar dependentes químicos a sair do círculo vicioso. Elas podem incluir aconselhamento individual, terapia em grupo ou terapia cognitivo-comportamental, além de outras opções.

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Os psicólogos e outros profissionais de saúde podem ser fundamentais para ajudar pessoas a superarem o vício em drogas, que nem sempre é evidente. Vencer as dificuldades emocionais, econômicas e psicológicas pode ser uma tarefa desafiadora, por isso, investir na prevenção desde cedo pode ser a solução para o problema.

Em Portugal, existem duas formas de ajuda para pessoas que sofrem com a dependência química que vale a pena conhecer. O primeiro é oferecido pela Segurança Social e se enquadra nos programas sociais. Já o segundo é oferecido pelo SNS (Serviço Nacional de Saúde) e é conhecido como Linha Vida SOS Droga. Abaixo, você poderá conhecer um pouco mais sobre eles.

Como obter acesso ao sistema de saúde português

Antes de compreender como cada um desses programas funciona em Portugal, é importante destacar que o país possui um sistema de saúde pública de acesso universal através do SNS. No entanto, isso não significa que seja totalmente gratuito, embora a maioria dos atendimentos não tenha custo. 

Já os atendimentos particulares podem ser bastante caros, com consultas com especialistas chegando a custar até 90 euros e um ecocardiograma variando de 131 a 333 euros. Uma curiosidade interessante é que existe a possibilidade de atendimento nos centros de saúde, onde as consultas são realizadas com o médico da família ou médico de plantão, o que pode ser útil para pessoas de outras nacionalidades ou portugueses. 

No entanto, como veremos a seguir, é possível obter apoio para dependentes químicos sem precisar pagar nada ou pagando muito pouco por isso, por meio de programas sociais oferecidos pela Segurança Social ou pelo próprio Serviço Nacional de Saúde.

Os apoios sociais às pessoas com comportamentos aditivos

A primeira opção é o programa social da Segurança Social voltado para pessoas com dependência química. Esse programa oferece serviços sociais para o tratamento desses dependentes e visa a reinserção social deles. Isso é feito por meio de uma equipe de intervenção direta ou de um apartamento de reinserção social.

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A equipe de intervenção direta da Segurança Social visa fomentar o processo de recuperação dos dependentes e incentivar a cooperação dos membros envolvidos. Já os apartamentos de reinserção social são alojamentos temporários para auxiliar na reintegração dessas pessoas na comunidade.

No entanto, esses serviços têm um custo, calculado com base na participação da família, considerando os rendimentos de todos os membros. Para se inscrever nessas opções, é necessário comparecer ao serviço de atendimento da Segurança Social ou à Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.

Os tratamentos para dependência química através do Linha Vida SOS Droga

A outra opção é um serviço de aconselhamento que oferece suporte emocional em situações de crises relacionadas ao uso de substâncias químicas. O objetivo é refletir sobre questões relacionadas ao tema e intervir junto à comunidade. 

O apoio é totalmente gratuito e anônimo, aumentando a aceitação dos participantes. O programa atua em três vertentes principais: aconselhamento, informação e encaminhamento.

Para obter mais informações sobre o serviço Linha Vida SOS Droga, os interessados podem ligar para o número 1414. O atendimento está disponível de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. Também é possível enviar um e-mail para 1414@sicad.min-saude.pt. O endereço é Alameda das Linhas de Torres, 117, em Lisboa.

O programa Cuida-Te

Para complementar o conteúdo apresentado, em Portugal existe o programa Cuida-Te, que tem como foco a descriminalização dos usuários de drogas. Ele é voltado para jovens entre 12 e 25 anos e oferece serviços gratuitos com profissionais especializados na área da saúde.

Os jovens podem acessar esse programa para tirar dúvidas ou resolver problemas de forma gratuita e anônima, abrangendo diversas áreas como saúde sexual e reprodutiva, saúde mental, comportamentos aditivos e dependências, além da alimentação. O Cuida-Te é oferecido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude.